terça-feira, 8 de abril de 2014

Já não me abalo mais com nada. Numa escala sísmica, diria que me encontro próximo ao zero absoluto. E isso é notoriamente frio e imóvel. Uma rocha. Uma pedra dentro de um sapato, que, apertado, se desgasta tentando fugir. De mim mesmo não hei de fugir: antes, sou arremessado, e isso me basta. O que se esperar de uma pedra que não frio e dor? Quando me olho no espelho, percebo as marcas do tempo: o desbotado, as rachaduras. Estão lá e, no entanto, cada vez menos me importo. Sei que um dia estarei esfacelado em pó, mas por hora sou dureza em forma sólida. É duro ser pedra, rocha, pedro... Mas vale pelos fiapos de gramíneas que passaram a brotar de minhas fissuras...

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